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Coluna Push to Pass: O dia em que entrei para o lado negro da força


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Estava pensando aqui, no intervalo de uma aula e outra da faculdade, que ano que vem estarei indo para o meu décimo ano no automobilismo virtual. Quando entrei, nem chamava por esse nome, na verdade achava que era apenas um jogo de PC, para jogar nas tardes pós-escola.

É lógico que a fixação por corridas já vinha desde pequeno, quando eu assistia a F1 na televisão, e posteriormente, virei consumidor de jogos como Gran Turismo e derivados. Mas foi no PC que a mágica aconteceu, mais precisamente em 2007. Estava eu, um garoto de 13 anos e entediado, navegando pelo site do Baixaki, procurando algo que pudesse ser baixado na minha veloz e implacável internet discada de 56 kb. Depois de tanto procurar, encontrei a demo do F1 2002. Lembro que o arquivo pesava menos de 60 mb, mas naquela época com uma internet discada, iria tardar pelo menos uns 2 dias para concluir o download.

Quando o download acabou, fiquei impressionado com a jogabilidade do jogo, era algo que eu nunca havia presenciado nos consoles. Por uma semana, me internei em corridas de 5 voltas em Melbourne contra 6 carros (era o que estava disponível na demo)

F1 2002, digamos que, "meu primeiro amor"

F1 2002, digamos que, “meu primeiro amor”

Na semana seguinte corri para um camelô mais próximo e comprei uma cópia pirata completa do jogo. Eram outros tempos, o acesso a um jogo original tão específico era muito difícil e crackear um programa era tão fácil como tomar água. Hoje é muito fácil adquirir um jogo original (via Steam, Origin ou outros meios) e muito difícil de crackear. O jogo virou, vivemos uma nova era, que talvez um dia eu entre nesta discussão.

Com o jogo original veio a possibilidade de jogar online, e ali meus olhos brilharam ainda mais. A chance de poder jogar contra jogadores do mundo inteiro era uma realização de um sonho. Foi graças ao automobilismo virtual, que aprendi a falar inglês e espanhol. No início passei muita vergonha, claro, mas depois as coisas foram melhorando.

Meses depois, um amigo me trouxe um cópia do F1 Challenge 99/02, que tinha um mod da temporada 2007. As jogatinas onlines se intensificaram, e eu fui ficando cada vez mais viciado naquilo. A experiência só não era perfeita porque em 2007 a internet brasileira ainda era uma porcaria, discada então nem se fala. O próprio F1C 99/02 não ajudava, já que seu netcode era horrível. Em dias atuais, jogar em um servidor dedicado contra pilotos de todo mundo não seria possível, o ping ficaria altíssimo.

Nessa ânsia por conhecer um pouco mais sobre os mods, entrei numa comunidade chamada Racesimulations, equivalente ao RaceDepartment de hoje em dia.

A imagem está uma porcaria, mas é possível ver mais ou menos como era o fórum na época.

A imagem está uma porcaria, mas é possível ver mais ou menos como era o fórum na época.

Ali baixei algumas ferramentas e aprendi algumas coisas sobre modding, que são úteis até hoje aqui na NEOBR. Também conheci um cara que virou um grande amigo pessoal, o Leonardo de Souza, piloto da F3 Brasil. Nos conhecemos por acaso, vi uma screenshot de um carro editado no fórum (era raro naquela época, por isso chamava a atenção), e resolvi ver mais sobre o perfil do cara que postou aquilo. Vi que ele era brasileiro e mandei uma MP, e posteriormente fomos conversando e criando um vínculo.

Em 2008 entrei para um grupo de modding brasileiros chamado Highlights Team (HLT), e enquanto fiz parte do projeto, trouxemos algumas coisas bacanas para o F1 Challenge 99/02, como os mods da IndyCar, NASCAR, F1, A1GP e alguns outros que não me recordo agora.

Uma das minhas primeiras experiências com modding, o IndyCar 2008, convertido do rFactor

Uma das minhas primeiras experiências com modding, o IndyCar 2008, convertido do rFactor

Por necessidade, criei uma liga chamada Liga Brasil de GP2. Nesse campeonato, correram alguns pilotos que posteriormente migraram pro rF1 e tiveram um certo reconhecimento no cenário da época, como Antonio Rony, que chegou a ser piloto da Alliance Sky Racing se não estou enganado, Matheus Maia, que já pilotou na Formula SimRacing e Felipe Elias. Segue abaixo um vídeo do compacto que eu fazia no Windows Movie Maker na época.

Fiquei um tempo ainda insistindo no F1 Challenge até que eu conheci o rFactor. Relutei um pouco em migrar de simulador. Primeiro porque eu não tinha um PC para rodar ele decentemente. Segundo, porque ele era um pouco mais complexo de se guiar que o F1C. Estamos em 2010 e eu nem sonhava em ter um volante ainda.

Finalmente em 2011 eu topei o desafio e mergulhei de cabeça no rF. Meu primeiro campeonato online foi o SuperClio na finada BlasterF1. Como era obrigatório a criação de equipes personalizadas, criei junto com um amigo a Snow Schatten Racing Team, meio que na correria. Não tínhamos pretensões alguma com a equipe, inclusive até usavamos logos da Petronas, Monster e Elf no carro, apenas de zoeira. Abaixo o primeiro vídeo da história da Snow Schatten.

Só que conforme a brincadeira ia avançando, meu interesse pelo AV ia aumentando e ainda nesta mesma temporada fechamos um patrocínio com a OliverGroup. No fim do ano, digamos que “vendi” os namings rights da Snow e ela virou OliverGroup Racing. A parceria deu errado antes mesmo de começar e eu resolvi sair da administração da OG/Snow. Fundei então com o Guilherme Bavaresco, um amigo lá da época do F1C, a YBR/Bavaresco.

Corremos por 1 ano defendendo esta bandeira e tive a oportunidade de poder ter como piloto o Thiago Barbosa (na época conhecido como Thiago Silva). Ele se destacou na minha equipe e fiz uma das maiores cagadas da minha vida de “liberar” ele pra correr na Sinister em um campeonato da F1BC. Ele me disse que seria temporário, mas não foi, como é possível notar. É claro que fico feliz dele ter se encontrado na Sinister, afinal eles puderam dar muito mais a ele do que eu poderia dar na época. Eu era apenas um novato no automobilismo virtual e eles já estavam nesse meio há um tempão.

No fim de 2012 a OG nos devolveu o nome de Snow Schatten e reativei a equipe, começando uma nova administração que rendeu muitas vitórias e títulos. Quando reabri a equipe, a meta era poder disputar esporadicamente com a Sinister. Quando encerrei ela temporariamente ano passado, estavamos vencendo ela.

No fim de 2013 conheci a NEOBR e foi uma liga que me encantou. O jeito que o Jesias administrava a liga e gerenciava os problemas me fez ter certeza que era aqui que eu queria estar. Participei da liga como chefe de equipe até 2014, dando uma ajudinha aqui e acolá em termos de administração, quando entrei definitivamente para a hall de adm da liga. Desde a minha saída do F1 Challenge, sempre fugi o máximo possível do status de administrador de alguma liga. Ser adm era algo muito massante (ainda é), e confesso que não lembro porque topei esse desafio novamente.

O tempo passou e com o sucesso da liga, o Jesias teve a possibilidade de me contratar. Comecei a ter um salário para trabalhar na NEOBR. Como já diz aquele velho ditado “onde se ganha o pão não se come a carne”, decidi encerrar a Snow Schatten por um tempo e tirar ela da NEOBR. Nunca tive problemas com imparcialidade e me orgulho em dizer que a SSRT nunca precisou de uma ajudinha de alguém para vencer. Mas se eu quisesse ajudar a NEOBR a ficar cada vez mais próxima do profissionalismo e proporcionar o melhor ambiente para os pilotos que aqui correm, eu precisava adquirir um status neutro, não defender nenhuma bandeira dentro das pistas.

No fim do ano passado, surgiu a possibilidade de eu fazer assessoria de imprensa para o Gustavo Frigotto, outro amigo que fiz graças ao automobilismo virtual. Era mais um passo que eu estava dando rumo ao automobilismo real, algo que eu achava impossível em 2007. Ninguém da minha família tinha contatos na área e o mais próximo que eu havia chegado de um carro de corrida, era quando ele era exposto em algum supermercado de Curitiba.

Enfim, essa é a história de como eu entrei para o AV e como ele mudou a minha vida. Lógico que faltam várias histórias e confusões, que um dia eu conto. Se eu for escrever tudo que eu queria escrever, o post seria mais longo que os textos do Lupo Forati (forte abração Lupo).

1 Comentário »

  1. lembro da snow schatten na epoca da liga f1cb, administrada pelo rafa souza…caaara, nem acredito q vc era da HLT….fizeram grandes mods entre os anos 2009 e 2012(por aí).
    saudades da comunidade do orkut, q era o coração do f1challenge 99-02 no brasil.
    bons tempos….

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